Luís Roberto Barroso

Luís Roberto Barroso

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“Escolher a calma é escapar de algumas armadilhas da vida. Entre elas estão a pressa e a raiva. E uma outra: a tentação de dar reciprocidade aos maus sentimentos.

Escolher a calma é, em primeiro lugar, não ter pressa onde ela não caiba. É saber apreciar tanto o caminho quanto a chegada. É ter consciência de que o como é geralmente mais importante do que o que. Ao escrever os Mandamentos do Advogado, Eduardo Couture incluiu como regra de número sete a seguinte: “O tempo se vinga das coisas que se fazem sem a sua colaboração”.

 Escolher a calma é, em segundo lugar, não se deixar dominar pela raiva, que é um desencontro consigo mesmo. A raiva é a vitória de fatores externos sobre o mundo interior. Ela pode até desconstruir algo que não merecia ficar de pé, mas é incapaz de construir o que quer que seja. E, para os que creem, compartilho uma inscrição que li alguns anos atrás na capela do Castelo de Chenonceau, na França: “A ira do homem não realiza a vontade de Deus”.

Por fim, escolher a calma é não dar reciprocidade a maus sentimentos. Este talvez seja um dos grandes segredos da vida: não se deixar dominar pelo mal, mesmo quando esta pareça ser a reação natural. Quem perdoa, ganhou a briga. Se os dois perdoarem, aumenta a energia positiva do universo.  Sobretudo nos momentos difíceis, devemos lembrar que a vida devolve o que recebe.”

Luís Roberto Barroso -Professor Titular de Direito Constitucional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Mestre em Direito pela Universidade de Yale, nos Estados Unidos. Ministro do Supremo Tribunal Federal